Fiquei um tempo sem postar aqui, e peço desculpas aos leitores. Fim de ano sempre é um pouco estressante pra mim, então eu me concentro em tentar ficar de bom humor. Acho que deu certo, em partes. O próximo artigo sobre o Libélula sairá só ano que vem, considerando que faltam menos de 36 horas pro ano acabar. Vim aqui hoje escrever um pouco sobre o meu mundo, coisa que eu não faço aqui há tempos.
Me deu vontade de escrever aqui agora porque eu comecei a assistir Prozac Nation. Já assisti uma vez e peguei pra assistir de novo. Mas não consegui ir além dos dez minutos de filme. Algumas das coisas que me assustam me assolam quando eu vejo filmes sobre adolescentes.
Acho que já escrevi aqui que eu me sinto uma adolescente de 17 anos. Talvez por eu não aparentar a minha idade (24 anos, quase 25), eu me sinta assim. Ou talvez seja a influência da Alex, a personagem do poema homônimo que saiu no Libélula nº3. Ou ainda, mais coerente, seja a vontade imensa que eu tenho de fazer um monte de coisas ao mesmo tempo.
O fato é que eu não sou mais adolescente, mas não consigo pensar em mim mesma como sendo uma pessoa adulta. Ser adulto denota um monte de responsabilidades e eu já até me acostumei a algumas delas, mas eu não consigo me adaptar totalmente a isso. Quem me conhece pessoalmente pode dizer que eu sou meio maluca, meio idiossincrática. Eu não consigo entender, por exemplo, qual é a graça de se arrumar um emprego pra ganhar dinheiro e viver em função dele. Vivi um bom tempo assim - trabalhando integralmente, das 8h às 17h - e não consigo ver sentido em acordar, ir trabalhar, voltar do trabalho, tomar banho e dormir pra no outro dia ter que ir trabalhar de novo. Talvez isso pareça preguiça da minha parte, mas realmente não faz sentido. Óbvio que eu reconheço que não dá pra se viver de brisa e luz solar, mas dessa maneira não se aproveita nem a brisa e nem a luz solar...
E também não consigo ver sentido no modo em que eu tenho vivido ultimamente: passo metade do dia no computador, jogando ou lendo alguma coisa, e a outra metade eu passo dormindo. Se só trabalhar e dormir é absurdo, fazer nada e dormir é mais absurdo ainda.
Somewhere back in time: quando eu tinha 17 anos eu terminava o ensino médio, escrevia poesias, editava um fanzine e trabalhava nos finais de semana. Era divertido, até certo ponto. Eu fui uma adolescente meio neurótica, como a maioria dos adolescentes são, e talvez a sensação de adolescência que eu tenha agora seja a de ser mais sábia, digamos, e tentar remeter à "liberdade" que um adolescente tem. Atualmente eu faço faculdade e não trabalho, parecido com aquela época de adolescência. Mas diferentemente daquela época, eu me cobro em fazer alguma coisa de útil. Eu escrevia poesias e fazia o Libélula porque era espontâneo e divertido, e quando eu olho pra Elise dos 17 anos eu sinto pena dessa Elise aos 24. Por mais que eu sofresse naquela época, era espontâneo, e agora eu me forço... e não faço nada.
E porque o Prozac Nation engatilhou isso?
Elizabeth "Lizzie" Wurtzel é uma garota com seus 17, 18 anos que acaba de entrar em Harvard, com uma bolsa de estudos para cursar Jornalismo. Seus pais se separaram quando ela tinha 2 anos, e ela viveu sempre na companhia da mãe. Esta sempre a incentivou a escrever e ter uma vida cultural, para que um dia fosse melhor do que ela mesma foi. Lizzie faz amigos rapidamente e começa a escrever no jornal da faculdade. Um de seus artigos é concedido à revista Rolling Stone, e então Lizzie entra em processo paranoico-depressivo. Ela já não escreve mais como antes, e acaba por se afundar nas drogas. Sua mãe então a manda para uma psiquiatra, que lhe receita o famoso Prozac, que na época (anos 80) era a mais nova arma contra a depressão e outros distúrbios mentais.
Lizzie acaba se recuperando, e em 1994 lançou o livro Prozac Nation, auto-biográfico, que deu origem ao filme.
Antes que alguém aí pergunte, não, eu não uso drogas, e sim, eu já tomei Prozac, numa época em que ou eu me tratava ou eu me matava. Sério. Inclusive no Libélula nº 4 tem uma poesia minha sobre isso. Eu tinha 20 anos e quando terminei o tratamento eu jurei que nunca mais precisaria de remédio pra ter a minha sanidade de volta. Tem funcionado bem, rs.
O que me pega é justamente o quanto histórias de adolescentes se parecem comigo, e o quanto eu já fui adolescente e gostaria de voltar a ser, rs. É um paradoxo estranho, eu sou velha o suficiente pra já ter passado dessa fase e ainda sinto como se tivesse alguma coisa inacabada. Ok, eu concluí agora que talvez eu tenha parado minha mente aos 17 anos e esteja esperando alguma coisa pra seguir em frente na fase adulta...
2009 foi o ano em que eu entrei na USP e me livrei do SUS. Já é um começo. Como eu disse pra Allana, 2010 vai ser no mínimo interessante. Eu espero que eu consiga juntar coragem pra parar de adiar a minha vida adulta (hahahaha) e começar a seguir em frente de novo.
E os votos que eu faço aos leitores, depois deste longo monólogo, não é o já batido "feliz ano-novo e blablabla" porque eu detesto esse clichê. Eu faço votos aos leitores que 2010 seja um ano muito, mas muito interessante a todos. Assim como eu desejo que pra mim também seja.
=D
Me deu vontade de escrever aqui agora porque eu comecei a assistir Prozac Nation. Já assisti uma vez e peguei pra assistir de novo. Mas não consegui ir além dos dez minutos de filme. Algumas das coisas que me assustam me assolam quando eu vejo filmes sobre adolescentes.
Acho que já escrevi aqui que eu me sinto uma adolescente de 17 anos. Talvez por eu não aparentar a minha idade (24 anos, quase 25), eu me sinta assim. Ou talvez seja a influência da Alex, a personagem do poema homônimo que saiu no Libélula nº3. Ou ainda, mais coerente, seja a vontade imensa que eu tenho de fazer um monte de coisas ao mesmo tempo.
O fato é que eu não sou mais adolescente, mas não consigo pensar em mim mesma como sendo uma pessoa adulta. Ser adulto denota um monte de responsabilidades e eu já até me acostumei a algumas delas, mas eu não consigo me adaptar totalmente a isso. Quem me conhece pessoalmente pode dizer que eu sou meio maluca, meio idiossincrática. Eu não consigo entender, por exemplo, qual é a graça de se arrumar um emprego pra ganhar dinheiro e viver em função dele. Vivi um bom tempo assim - trabalhando integralmente, das 8h às 17h - e não consigo ver sentido em acordar, ir trabalhar, voltar do trabalho, tomar banho e dormir pra no outro dia ter que ir trabalhar de novo. Talvez isso pareça preguiça da minha parte, mas realmente não faz sentido. Óbvio que eu reconheço que não dá pra se viver de brisa e luz solar, mas dessa maneira não se aproveita nem a brisa e nem a luz solar...
E também não consigo ver sentido no modo em que eu tenho vivido ultimamente: passo metade do dia no computador, jogando ou lendo alguma coisa, e a outra metade eu passo dormindo. Se só trabalhar e dormir é absurdo, fazer nada e dormir é mais absurdo ainda.
Somewhere back in time: quando eu tinha 17 anos eu terminava o ensino médio, escrevia poesias, editava um fanzine e trabalhava nos finais de semana. Era divertido, até certo ponto. Eu fui uma adolescente meio neurótica, como a maioria dos adolescentes são, e talvez a sensação de adolescência que eu tenha agora seja a de ser mais sábia, digamos, e tentar remeter à "liberdade" que um adolescente tem. Atualmente eu faço faculdade e não trabalho, parecido com aquela época de adolescência. Mas diferentemente daquela época, eu me cobro em fazer alguma coisa de útil. Eu escrevia poesias e fazia o Libélula porque era espontâneo e divertido, e quando eu olho pra Elise dos 17 anos eu sinto pena dessa Elise aos 24. Por mais que eu sofresse naquela época, era espontâneo, e agora eu me forço... e não faço nada.
E porque o Prozac Nation engatilhou isso?
Elizabeth "Lizzie" Wurtzel é uma garota com seus 17, 18 anos que acaba de entrar em Harvard, com uma bolsa de estudos para cursar Jornalismo. Seus pais se separaram quando ela tinha 2 anos, e ela viveu sempre na companhia da mãe. Esta sempre a incentivou a escrever e ter uma vida cultural, para que um dia fosse melhor do que ela mesma foi. Lizzie faz amigos rapidamente e começa a escrever no jornal da faculdade. Um de seus artigos é concedido à revista Rolling Stone, e então Lizzie entra em processo paranoico-depressivo. Ela já não escreve mais como antes, e acaba por se afundar nas drogas. Sua mãe então a manda para uma psiquiatra, que lhe receita o famoso Prozac, que na época (anos 80) era a mais nova arma contra a depressão e outros distúrbios mentais.
Lizzie acaba se recuperando, e em 1994 lançou o livro Prozac Nation, auto-biográfico, que deu origem ao filme.
Antes que alguém aí pergunte, não, eu não uso drogas, e sim, eu já tomei Prozac, numa época em que ou eu me tratava ou eu me matava. Sério. Inclusive no Libélula nº 4 tem uma poesia minha sobre isso. Eu tinha 20 anos e quando terminei o tratamento eu jurei que nunca mais precisaria de remédio pra ter a minha sanidade de volta. Tem funcionado bem, rs.
O que me pega é justamente o quanto histórias de adolescentes se parecem comigo, e o quanto eu já fui adolescente e gostaria de voltar a ser, rs. É um paradoxo estranho, eu sou velha o suficiente pra já ter passado dessa fase e ainda sinto como se tivesse alguma coisa inacabada. Ok, eu concluí agora que talvez eu tenha parado minha mente aos 17 anos e esteja esperando alguma coisa pra seguir em frente na fase adulta...
2009 foi o ano em que eu entrei na USP e me livrei do SUS. Já é um começo. Como eu disse pra Allana, 2010 vai ser no mínimo interessante. Eu espero que eu consiga juntar coragem pra parar de adiar a minha vida adulta (hahahaha) e começar a seguir em frente de novo.
E os votos que eu faço aos leitores, depois deste longo monólogo, não é o já batido "feliz ano-novo e blablabla" porque eu detesto esse clichê. Eu faço votos aos leitores que 2010 seja um ano muito, mas muito interessante a todos. Assim como eu desejo que pra mim também seja.
=D