segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Sit and listen:

Aprender a dar valor ao que é, não ao que foi, aprender a encarar as coisas, aprender que nada é realmente do jeito que se pensa que é...

Sensação de déjà-vu: as três pessoas com as quais eu tive um relacionamento mais profundo me inclinaram a mudar em alguma coisa. Atitude, pensamento, atitude e pensamento. Duas delas estão fora da minha vida atual, mas o terceiro sempre esteve dentro dela...

E eu fico calada quando me diziam, ou quando ele me diz alguma coisa. Porque é verdade, o que eles me diziam e ele me diz é verdade.

The world is not enough

Esse é o nome de uma música do Garbage que eu tenho ouvido, e também é meu estado de espírito, aquele que quase me fez chorar no trem ontem à noite enquanto eu voltava da casa do meu namorado.

People like us
Know how to survive
There's no point in living
If you can't feel alive

We know when to kiss
And we know when to kill
If we can't have it all
Then nobody will

E volto a dizer, sont de ces choses qui s'en fait le monde. Livrando? Nunca, isso tá grudado em mim igual chiclete.

I feel safe
I feel scared
I feel ready
- And yet unprepared

É isso mesmo.
Me sinto salva e assustada, me sinto pronta e ainda despreparada.

E o que me irrita mais é que isso não é da conta de ninguém a não ser de quem realmente me rodeia, e é justamente quem me rodeia que não percebe o que tá me fazendo mal.

Laissez-passer. É sempre assim, eu percebo, mas les autras personnes fingem que não é com elas. Quando eu comprar meu bilhete pra insanidade vai ser o caos...

sábado, 23 de fevereiro de 2008

ns cia

(trilha sonora discreta: Bang Bang, Nancy Sinatra)


And all the things I said blowed with the wind.

Tudo o que eu cheguei a dizer um dia foi-se com o vento e eu aprendi a deixar o que passou lá no pretérito mesmo, por mais que algum tipo de saudade me faça ter vontade de alcançar o caos de novo.

Porque o que se quebra nunca tem um conserto perfeito, tem sempre um caco no vaso de porcelana colado que faz com que o dedo sangre quando se toca nele.

E, sinceramente, não quero mais fazer curativos nas minhas velhas cicatrizes. Não tenho mais tempo pra isso.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Clandestino

Eu faço versos como quem chora
De desalento, de desencanto
(...)
E nestes versos de angústia rouca
Por entre os lábios a vida corre
Deixando um acre sabor na boca

Eu faço versos como quem morre...

(Manuel Bandeira, in 'Desencanto')

E faz tanto tempo que não sai um verso de dentro de mim que já estou começando a me sentir vazia. Minha inspiração esvai-se toscamente, nem me lembro quando foi que eu estive inspirada pra escrever.
Me sinto vazia, me sinto burra. Estranho que eu escrevo todos os dias, mas não passa de coisas do tipo 'horário de chegada, horário de atendimento' nos prontuários dos pacientes da UBS. Minha letra tá até ficando feia de novo...

E me esforço pra concordar com o Leminski
=>isso de querer ser
exatamente
o que a gente é
ainda vai
nos levar
além=>
mas tá ficando cada vez mais difícil. Parece estagnado, murcho...

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Ou: de como as coisas desacontecem

Como as coisas desacontecem? Simples, fazendo-as acontecer e depois passando uma borracha em cima.
Mas borrachas costumam borrar papéis, dependendo do papel, da borracha e do grafite do lápis.

Tudo bem, vamos contar uma história.

Havia uma centopéia que era a melhor dançarina da floresta. Quando havia festa, todos paravam pra ver a centopéia dançando. Era lindo.
Um dia, uma formiga ficou olhando a centopéia dançar e ficou com muita inveja. Ela não sabia dançar como a centopéia, e provavelmente nunca saberia. Então bolou um plano.
Quando houve outra festa, a centopéia dançou, como de costume. Daí a formiga chegou perto dela e disse:
- Dona Centopéia, parabéns! A senhora dança muito bem!
- Obrigada! - respondeu a centopéia
- Mas me diga, como a senhora faz pra dançar assim tão bem? Qual o segredo? Tem uma técnica, tipo, a senhora começa levantando primeiro a perna direita nº 56 e depois a esquerda nº 43, ou primeiro a esquerda nº 15 e depois a direita nº 38?
E continuou a perguntar. A centopéia começou a pensar nisso e nem viu quando a formiga se afastou, satisfeita.
O que aconteceu:
Depois que a centopéia começou a pensar sobre como fazia pra dançar tão naturalmente, ela nunca mais conseguiu dançar.

As coisas também desacontecem de tanto se pensar nelas.

Musique pour les personnes

To Have and To Hold (Depeche Mode)

I need to be cleansed
It's time to make amends
For all of the fun
The damage is done
And I feel diseased
I'm down on my knees
And I need forgiveness
Someone to bear witness
To the goodness within
Beneath the sin
Although I may flirt
With all kinds of dirt
To the point of disease
Now I want release
From all this decay
Take it away
And somewhere
There's someone who cares
With a heart of gold
To have and to hold

(Je suis vraimant content et vraimant chagrine. Sont de ces choses qui s'en fait le monde, et dans le monde ces choses sont les songes et les mensonges qui pouvez laisser moi content et chagrine.)