Pois meus olhos não cansam de chorar
tristezas, que não cansam de cansar-me;
pois não abranda o fogo em que abrasar-me
pôde quem eu jamais pude abrandar;
não canse o cego Amor de me guiar
a parte donde não saiba tornar-me;
nem deixe o mundo todo de escutar-me,
enquanto me a voz fraca não deixar.
E se nos montes, rios, ou em vales,
piedade mora, ou dentro mora Amor
em feras, aves, plantas, pedras, águas,
ouçam a longa história de meus males
e curem sua dor com minha dor;
que grandes mágoas podem curar mágoas.
Os sonetos de Camões não possuem título, então convenciona-se a adotar o primeiro verso como título. Endeixa foi utilizado pela cantora Ana Moura ao musicar em forma de fado um poema pouco conhecido do autor d’Os Lusíadas.
"e curem sua dor com minha dor;
ResponderExcluirque grandes mágoas podem curar mágoas"
É, sem dúvida, mais exato e sincero que "amor se cura com um novo amor".
E mais complexo e belo também.
Olá, Gabriela!
ResponderExcluirSim, é um tanto mais complexo, apesar de ser mais... hmmm... coerente. Mas falar de amor sempre é melhor do que falar de dor, e se uma dor só já é ruim, imagine uma "comparação"...
Abraços, e obrigada pelo comentário! =D