sexta-feira, 30 de maio de 2008

Nonsense (?)

É o tipo de coisa que todos precisam mas ninguém sabe dizer porquê. Automaticamente. Aparece e pronto.

Ele era um entre 6 bilhões de pessoas, os mesmos 6 bilhões que supostamente poderiam ajudar Macabéa, aquela que nem sabia existir. Alguém sabe existir? Ele não sabia, e nunca saberia. Mas precisava demonstrar atenção e cortesia. E lutava contra o que nem sabia o que era, muito menos do que era feito. Lutava? Na verdade não sabia se lutava mesmo, conforme o que lhe fora ensinado lutar envolve socos e essas coisas, mas sua defesa era mais sutil, tão mais sutil do que concreta que passava despercebido. Quantos percebem essas sutilezas? Estranhamente se sentiu mais leve um dia, quando não precisava mais usar a cortesia, era desnecessário, respeito pelo medo é mais fácil de se manter e dessa forma não é preciso nem mesmo ser educado. Revelou-se sem palavras, não as usava fazia tempo, talvez por não ter mais o que dizer. Mas as palavras foram feitas para o quê, mesmo?

sábado, 24 de maio de 2008

The happiness in my life is...

†Baixar o anime Death Note, de todas as fontes possíveis, no formato rmvb, que dá pra assistir no meu Real Player;

†Estudar, estudar, estudar no Anglo Santo André;

†Ednei;

†Minhas férias, que distam 2 semanas de hoje.



O resto é tudo coisa que eu aturo...

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Fernando Pessoa

Sossega, coração! Não desesperes!
Talvez um dia, para além dos dias,
Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição de seres.

Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
Pobre esperença a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabelo
E em si mesmo se sente diferente,
Como faz mal ao sonho o concebê-lo!

Sossega, coração, contudo! Dorme!
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme,
A grande, universal, solente pausa
Antes que tudo em tudo se transforme

domingo, 18 de maio de 2008

Idiossincrasias

Eu não me sinto à vontade nem pra isso.

Hercule Poirot chega a ser o meu herói particular em todas as vezes que eu paro pra pensar sobre algo.

(e eu não acho um livro na internet, vem com o nome quase certo e o conteúdo erradamente errado)

Algumas coisas me deixaram meio deprimida hoje.
Pra ser mais sincera, todas as coisas que estão fora do meu alcance me deixaram deprimida hoje. E eu nem vou me dar ao trabalho. Aos olhos dos outros são privilégios, ou conquistas, ou qualquer-coisa-que-se-sangre-pra-se-ter. A mim tudo isso é só um amontoado de coisas que coexiste no mundo e que não serve pra mais nada além de me deixar deprimida e roendo as unhas.

Deprimida e roendo as unhas e com vontade de beber. Não, não é mais uma daquelas sessões eu-bebo-pra-afogar-as-mágoas, tão cultuadas por seres-humanos-cabeças-de-vento. Longe disso, eu detesto ficar bêbada. Mas faz tempo que eu não bebo vinho...

Sinto falta de um pouco de Lenda; o Nei concluiu que a realidade é Surreal mas todo dia eu perco a Lenda. Todo santo dia eu perco o surrealismo, a não ser quando eu vejo o povo ficando feliz com uma ou duas cartelas de Captopril ou Omeprazol ou Diclofenaco de Sódio, cultuando frascos de Dipirona e Paracetamol como se fossem a Salvação. Isso é surreal, acreditar que toda a sua existência se reduz a alguns comprimidos por dia, todo dia. Mas esse surrealismo é deprimente. Muito deprimente.

Eu? Cultuo informações contidas numas apostilas de cursinho.
Talvez seja aí que eu tenha que procurar a Lenda...

(Ok, mãe falando "Vai dormir, menina!" justamente quando estou inspirada.)

São 5 da manhã e ainda estou roendo as unhas mentalmente.


domingo, 11 de maio de 2008

Psicografia - Ana Cristina César

Também eu saio à revelia
e procuro uma síntese nas demoras
cato obsessões com fria têmpera e digo
do coração: não soube e digo
da palavra: não digo (não posso ainda acreditar
na vida) e demito o verso como quem acena
e vivo como quem despede a raiva de ter visto

sábado, 10 de maio de 2008

Paulo Leminski

Carrego o peso da lua,
Três paixões mal curadas,
Um saara de páginas,
Essa infinita madrugada.

Viver de noite
me fez senhor do fogo
A vocês eu deixo o sono.
O sonho, não.
Esse, eu mesmo carrego.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Tédio - Florbela Espanca

Passo pálida e triste. Oiço dizer:
"Que branca que ela é! Parece morta!"
e eu que vou sonhando, vaga, absorta,
não tenho um gesto, ou um olhar sequer...

Que diga o mundo e a gente o que quiser!
- O que é que isso me faz? O que me importa?...
O frio que trago dentro gela e corta
Tudo o que é sonho e graça na mulher!

O que é que me importa?! Essa tristeza
É menos dor intensa que frieza,
É um tédio profundo de viver!

E é tudo sempre o mesmo, eternamente...
O mesmo lago plácido, dormente...
E os dias, sempre os mesmos, a correr...

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Soneto do amigo - Vinícius de Morais (Fragmento)

(...)
É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.
(...)

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Relief

Será que o meu destino é esconder sempre uma parte do que sinto para não me afundar eternamente em frustrações e medos e vergonhas e todo o tipo de timidez que posso ser capaz de demonstrar?

Sem precisar me afundar em montanhas de nicotina, apenas tremendo de frio só pra tentar colocar pra fora em silêncio e solidão tudo o que faz parte de mim?

Tentando achar uma saída, uma coesão, uma maneira de não me atropelar inadvertidamente por tudo aquilo o que eu faço e falo, por todos os meus pensamentos convergindo num só ponto, ao ponto de eu evitar escrever poemas pra não ficar eternamente recitando o óbvio mais ululante que faz parte do que eu sempre fui, da minha essência, do que eu sempre senti, alcançando meios de fugir do meu espelho que urra o que eu não faço e que me corrói por dentro... disfarçando meu fracasso como mulher, todo o meu ódio, toda a minha frustração, minha adolescência desperdiçada, jogada no ralo como o esgoto que eu sempre imaginei que eu era, todas as minhas palavras, a minha força de vontade espremida na necessidade mórbida de chamar a atenção de quem-quer-que-fosse... as músicas que me diziam o que eu não tinha coragem de assumir, o controle, o instinto de auto-preservação me arrastando pro fundo do poço...

Tudo o que eu não fui querendo ser.

Tudo o que eu não sou querendo ser.

Voltando sempre ao mesmo ponto, como se eu nunca tivesse saído realmente dele.

Sempre escondendo, sempre limitando, sempre me limitando ao medíocre, sem explosões, sempre com uma certa coerência, maluca como eu, e nunca, nunca deixando as coisas acontecerem do jeito que saem, sempre amarrando uma camisa-de-força psicológica em todas as minhas reações, em todas, e eu quase nunca digo o que eu quero, todas as vezes que eu finjo querer algo dá certo e um pedaço de mim morre, morre desde os meus 14 anos, todos os dias um pedaço de mim necrosa e é sempre o que eu escondo, o que eu não deixo vazar...

«...»

Será que vou continuar a viver deixando de lado uma parte da minha essência pra continuar na beirada do poço, sem ter vontade de me jogar lá dentro de novo?


Maydnightinmare

A madrugada passada em claro na companhia do Frodo e do Gandalf e do Aragorn e do Legolas acabou com a minha mente, eu me pareço mais com o Aragorn do que com a Arwen.
Em alguns aspectos, é claro.

Mês de maio, há três anos atrás a minha vida financeira entrou em colapso e até hoje ela continua meio estragada.
Mês de maio, há seis anos atrás eu comecei a trabalhar e isso era legal enquanto não era obrigação.
Mês de maio... há vinte e três anos atrás era pra eu ter nascido no final desse mês, mas sou tão precoce que tive que nascer um mês antes.

O que mais o mês de maio me reservou?

(No comments for a thing)

E o que esse mês de maio agora reserva é que daqui a pouco o cursinho começa pra valer.

Ô porra.

Elise:

Madrugadas,
por enquanto,
foram feitas pra dormir...

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Qu'est-ce qui se passe?

Temos quatro dias de folga essa semana e eu só sei de duas coisas:
Sexta de manhã vou na Vila Prudente fazer um treco que eu já tô enrolando pra fazer;
Sexta à noite vou no aniversário do Gabriel, do Davi e da Rê no Central Plaza.

Quatro dias de folga e eu ainda acho que vou ficar enterrada dentro de casa, pra variar. Hoje foi aquele marasmo, não tinha muito o que fazer e nem consegui passar da primeira fase do Mario Bros. que eu instalei aqui no meu PC. Decadente.

Decadente...

Eu sou uma nerd assumida, aliás, não se fala mais nerd, agora é geek, então eu sou uma geek assumida. Tão assumida e nem consigo pegar num livro pra começar a estudar sem o cursinho... Acho tudo muito chato, todas aquelas fórmulas, aquelas coisas de binômios e cossenos, mas enfim, pra passar na abençoada prova da Fuvest eu tenho que saber essas coisas, e o Nei vive me lembrando que a Fuvest é eliminatória, mesmo pro curso de Letras... ô porra, eu adoro estudar e até isso tá chato agora... eu queria sair e fico confinada, sem estudar nem fazer nada de mais útil, olhando os cachorros brigarem por causa de um bonequinho de borracha mesmo tendo um pra cada.

E daí eu me lembrei de uma coisa que eu falei pro Nei, eu achava o maior barato quando ele me falava das coisas que ele e o povo da ETE faziam, depois ele me disse que eu tava supervalorizando o que eles tiveram, que não era tanta coisa assim. Mas pelo menos eles têm história pra contar e eu morro de inveja, eu não tenho quase história nenhuma, o barato da minha vida era passar a noite acordada assistindo os programas educativos da Cultura e babar em cima das aulas de Gramática do Pasquale Cipro Neto, e agora nem uma coisa nem outra, eu nem estudo quando fico em casa, nem saio de casa quando não estudo. E nem arrumo nada, nem organizo nada...

Já pensei seriamente em voltar a tomar Prozac, mas eu iria emagrecer demais e esse pra mim nem é o maior problema, eu fiquei meio tapada quando tomei há quase três anos atrás, ficava tranquila e não escrevia umas coisas loucas como essa:

Quero um jeito de esquecer
O que eu queria tanto
E que não me cabe
Não é meu
Mas me pertence

Quero um jeito
Inusitado como eu
Estranho como eu
Bizarro como eu
Pra voltar
Pro que eu era

Era
E passam-se as eras
E meu nome vai estar guardado no meio dos papéis que um arqueólogo vai encontrar
E dizer
“Essa era a poesia do século XXI”

Sem chance, cara.

Quero o meu jeito
A minha pele
A minha voz
O meu
De volta

Pretensão:

Afaste-se
Pra eu
Esquecer.


Porque na verdade eu não tinha pretensão nenhuma, meu fanzine ia bem e eu trabalhava, e eu escrevia, e estudava, fazia uma porção de coisas. Mas não foi o Prozac que fez isso, fui eu mesma.

Falta de organização, ou falta de senso, eu tenho quatro dias pela frente e não sei nem se eu vou levantar daqui da frente desse PC daqui a cinco minutos pra fazer um café.