segunda-feira, 5 de maio de 2008

Relief

Será que o meu destino é esconder sempre uma parte do que sinto para não me afundar eternamente em frustrações e medos e vergonhas e todo o tipo de timidez que posso ser capaz de demonstrar?

Sem precisar me afundar em montanhas de nicotina, apenas tremendo de frio só pra tentar colocar pra fora em silêncio e solidão tudo o que faz parte de mim?

Tentando achar uma saída, uma coesão, uma maneira de não me atropelar inadvertidamente por tudo aquilo o que eu faço e falo, por todos os meus pensamentos convergindo num só ponto, ao ponto de eu evitar escrever poemas pra não ficar eternamente recitando o óbvio mais ululante que faz parte do que eu sempre fui, da minha essência, do que eu sempre senti, alcançando meios de fugir do meu espelho que urra o que eu não faço e que me corrói por dentro... disfarçando meu fracasso como mulher, todo o meu ódio, toda a minha frustração, minha adolescência desperdiçada, jogada no ralo como o esgoto que eu sempre imaginei que eu era, todas as minhas palavras, a minha força de vontade espremida na necessidade mórbida de chamar a atenção de quem-quer-que-fosse... as músicas que me diziam o que eu não tinha coragem de assumir, o controle, o instinto de auto-preservação me arrastando pro fundo do poço...

Tudo o que eu não fui querendo ser.

Tudo o que eu não sou querendo ser.

Voltando sempre ao mesmo ponto, como se eu nunca tivesse saído realmente dele.

Sempre escondendo, sempre limitando, sempre me limitando ao medíocre, sem explosões, sempre com uma certa coerência, maluca como eu, e nunca, nunca deixando as coisas acontecerem do jeito que saem, sempre amarrando uma camisa-de-força psicológica em todas as minhas reações, em todas, e eu quase nunca digo o que eu quero, todas as vezes que eu finjo querer algo dá certo e um pedaço de mim morre, morre desde os meus 14 anos, todos os dias um pedaço de mim necrosa e é sempre o que eu escondo, o que eu não deixo vazar...

«...»

Será que vou continuar a viver deixando de lado uma parte da minha essência pra continuar na beirada do poço, sem ter vontade de me jogar lá dentro de novo?


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