Acho que esta é a primeira vez que eu paro pra fazer um balanço geral do ano. Eu não costumo pensar muito nisso; na verdade em dezembro eu tento pensar o mínimo possível no ano que passou porque eu considero o último mês do ano como o mais arrastado de todos. Eu me estresso, fico nervosa, não faço resoluções de ano-novo e, de uns tempos pra cá, deixo pra pensar no natal e no réveillon aproximadamente uma semana antes dos feriados. Então dá pra imaginar o meu ânimo quando se aproxima a época das festas. E depois que eu entrei na USP a tensão triplicou, porque em novembro acaba o 2º semestre e o ano letivo, e eu entro em dezembro querendo apenas sombra e água fresca.
Mas esse ano, pra mim, foi tão particularmente pesado e puxado que eu me peguei pensando em tudo o que passou e como foi que eu tive força – ou coragem, sei lá – pra passar pelo ano incólume, ou pelo menos mantendo os parafusos no lugar.
Vamos lá… este texto vai ser grande.
O ano começou na praia, com a turma da ETE – ou uma parte dela – e logo depois disso eu fui pra Curitiba. Juntando as duas viagens, eu fiquei quase um mês fora de casa. Logo depois que eu voltei começaram as aulas na USP, e dá-lhe estudar: era o segundo semestre com a mesma professora de alemão (e isso me desgastou DEMAIS, quase a ponto de largar o alemão) e eu tinha uma matéria LINDA, Introdução aos Estudos Tradutológicos, que era pesadérrima em termos de teoria. Mas vamos tocando o barco, immer vorwärts, Schritt um Schritt (sempre em frente, passo a passo), como diz a letra de uma música do Wolfsheim. Passa fevereiro, passa março…
Em abril a “coisa” começou a ficar tensa, porque eu fiquei quase sem trampo – eu fazia freelas de revisão esporadicamente, e naquele mês o “movimento” foi fraco – e a minha sobrinha estava pra nascer. E era a época do meu inferno astral, já que eu faço aniversário no final de abril. Então tudo meio que começou a dar errado: eu estava sem grana, não conseguia tempo pra estudar, etc, etc, etc. E meu rendimento na faculdade despencou.
Se tem uma coisa que me faz ficar triste, chateada, deprimida e todas essas coisas é isso: se eu não consigo me focar o suficiente pra estudar direito, eu despenco. E vira uma bola de neve gigantesca.
Eu não consigo me lembrar direito dos meses de maio e junho, porque ou eu estava muito deprimida pra prestar atenção nos dias passando ou eu estava muito concentrada na faculdade, tentando não levar bomba em alguma matéria. Só sei que passei em tudo, com direito a um 10 em Literatura Brasileira – e serei eternamente agradecida ao Álvares de Azevedo, aquele lindo…
Julho passou voando, e chegou agosto, o mês do desgosto. Este mês em particular foi O INFERNO, porque eu tinha acabado de voltar a estudar de manhã – numa tentativa de consertar meu relógio biológico –, caí numa turma de alemão totalmente incompatível comigo e ainda por cima levei uma porrada psicológica que deslocou meu eixo gravitacional em uns 100 quilômetros. Eu pensava que se eu conseguisse sobreviver ao final de agosto, sobreviveria a tudo o mais que fosse.
Setembro veio, a semana da pátria veio junto, e eu me convenci que não, eu não sirvo pra estudar de manhã. Bastou dois dias indo dormir tarde pra eu acabar com toda e qualquer esperança de continuar acordando cedo até novembro. E daí começou a acontecer o seguinte: eu calculava quantas faltas eu podia ter em cada matéria, e depois decidia quando que dava pra faltar na aula. Só que eu virava a noite acordada pra estar de pé às 5h pra poder atravessar a cidade, depois chegava em casa parecendo um zumbi, ia dormir tarde e acordava cedo no outro dia. Se a privação de sono envelhece o corpo, eu acho que envelheci uns 30 anos só nesse semestre.
Pra piorar – ou melhorar, depende do ângulo que se vê a coisa – eu comecei a pegar freelas com mais frequência. E como boa workaholic que eu sou, nessas noites que eu passava sem dormir eu ficava revisando. E revisava durante o dia também. Como eu levava o netbook – porque eu comprei um netbook “especificamente” pra trabalhar, embora eu o use pra quase tudo hoje – pra faculdade nos dias em que eu ficava por lá o dia inteiro, eu fazia revisão em qualquer lugar onde tivesse uma tomada e um ponto de conexão de rede wireless disponível. Ou seja, eu trabalhava e estudava, mas na verdade eu mais trabalhava do que estudava. Descansar que é bom, nada.
Em outubro aconteceu uma coisa boa, e aconteceu relativamente rápido. Não vou falar sobre ela neste texto, porque ela merece um texto especial. Eu até comecei a escrever sobre isso esta semana, mas minha recém-inabilidade com o HTML do meu próprio editor de postagens fez com que eu perdesse o texto inteiro no WLW. Mas daqui a alguns dias eu preparo o texto de novo e puf! vocês saberão o que foi que aconteceu em outubro.
E daí chegamos em novembro. Chegamos e corremos pras colinas…
Eu tinha faltado tanto em algumas aulas que eu comecei a pensar que só um milagre me salvaria. Dei um tempo nos freelas e tudo o que eu não fiz durante o semestre eu resolvi que faria em novembro. Sim, eu sou este tipo de gente louca. Talvez nem Deus, se é que ele existe, sabe o que foi que eu me fiz passar nesse último mês pra consertar as melecas que eu fiz durante um semestre inteiro trabalhando como se não houvesse amanhã, estudando como se não precisasse ser aprovada e dormindo como se minha cama fosse feita de espinhos. De novo: se eu sobrevivesse a novembro, sobreviveria a tudo o mais que fosse…
Pra coroar o mês mais odiado pelos alunos da USP – ou da Letras, pelo menos –, aconteceu toda aquela bagunça com a galera na FFLCH e depois na reitoria. E os alunos da Letras entraram em greve. Depois saíram da greve. Daí entraram de novo. Eu já estava querendo mandar todos para o quinto dos infernos porque o negócio ficou pior do que briga de criança – sabem quando uma grita “você é bobo” e a outra responde “e você é feio”? A “discussão” dentro do curso chegou a este nível de [i]maturidade, com direito a todos os rótulos possíveis e imagináveis, tanto de quem era a favor da movimentação quanto de quem era contra tudo aquilo. Eu me abstive de comentar e até de dar a minha opinião sobre o assunto porque eu, sinceramente, tinha mais o que fazer do que ficar trocando farpas com os colegas de curso. Isso não quer dizer que eu não tenha opinião nem posicionamento sobre o que aconteceu… digo, apenas, que o fato de o corpo discente estar em greve e o corpo docente apoiar os alunos foi uma das minhas grandes salvações. Sim, eu sei, isso soou egoísta, mas fazer o quê… eu precisava salvar a minha graduação!
E agora eu estou aqui. Sobrevivi. Dezembro acabou de chegar e eu até confesso que eu estou querendo despacha-lo o mais rápido possível, porque eu continuo com a velha sensação de que em dezembro os dias se arrastam entre as horas e não o contrário. Mas agora há pouco, antes de sentar aqui pra escrever, eu pensei “agora só falta mais um trabalho e eu estarei de férias”. E quando pensei nisso, deu vontade de escrever sobre o ano. Acho que eu precisava “purificar” esse período na minha memória… foi tão estranho e pesado e arrastado que parece até que eu estou mais leve, apesar do mês. Mas eu sobrevivi, e só falta um trabalho pra entregar.
Ufa…
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Ah, o Litt fez quatro anos na segunda, dia 5. Eu pensei em postar o textinho de aniversário, mas eu ainda estava pensando nos trabalhos pra entregar, e acabou passando batido. Bem, este texto serve pra isso também. Parabéns pro meu blog, eeeeeeeeeeeeeeeeeeeee! =P
Que turbilhão hein!
ResponderExcluirMas no final você sobreviveu a todos os meses que passaram, só falta mais este.
Que bom ler postagens suas, fiquei feliz.
Oi, Jor! É, foi tensa a coisa esse ano...e falta só mais uns 20 dias pra esse ano acabar, ufa!
ResponderExcluirUm beijo, querida! =)
É, o ano foi tenso e difícil, em alguns momentos a gente pensou que não ia aguentar, que era coisa demais, mas no final tudo acabou se ajeitando! E no fim das contas, o que importa foram as coisas boas que aconteceram, como irmãs de alma se encontrando! Ano que vem tá chegando recheado de desafios novos, mas o que foi conquistado nesse ano continua! E dá-lhe Depeche pro que vier! E eu tb vou estar "por perto". Beijão!
ResponderExcluirOlá, Elise!
ResponderExcluirUau, que ano você teve! Para mim também foi um ano corrido, tenso e cheio de mudanças. Por isso mesmo, eu sabia que ele passaria muito rápido - e foi mesmo assim.
E parabéns pelos 4 anos do seu blog! É ótimo ver que ele continua ativo depois de tanto tempo, o que é extremamente raro.
Desejo que 2012 seja um ano mais tranquilo, mas igualmente cheio de realizações em sua vida.
Um abraço!
Meu ano ruim ruim ruim foi o de 2010.
ResponderExcluirFoi muito bom conviver com você em 2011! =)
Beijos!!!
@Lu: Oi, mana! Já te disse que me fazer "emar" não vale, né? =P
ResponderExcluirEu adorei conhecer vc pelas "vias" do Depeche Mode, e gosto demais de ser sua soul sister ~ eita música linda, aquela! =) Você sabe que estou por perto tb, então dá-lhe Depeche e que venha o ano do apocalipse, ops, 2012...
@Adelson: Olá! Sim, pensando nisso, ele passou mesmo voando, parece que foi ontem que a Emilly nasceu, por exemplo, e ela já tá com quase 8 meses... Desejo pra vc que 2012 também seja muito tranquilo e cheio de realizações, e vamos em frente!
E obrigada pelos parabéns ao blog! Esse meu cantinho aqui, pelo que me cabe, ainda vai durar MUITO tempo...
@Isa: Oi, linda! Também adorei conviver com você esse ano! Você, junto com a Lu, também é minha soul sister, e vou adorar voltar a estudar mais com você... [e que tio Rick não nos ouça, hehehehe]
Beijos a todos! =)