terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Faniquitos bloguísticos

Às vezes eu tenho a impressão de que o Litt é a minha Simone de Beauvoir, e eu sou o Jean-Paul Sartre. Explico: Simone e Sartre nunca foram casados, mas estiveram juntos a vida inteira. Não importa quantos amantes um ou outro tivessem, eles sempre voltavam um para o outro. Chegavam até a viajar juntos com os respectivos amantes. E foi assim a vida inteira.

Daí que eu me empolgo frequentemente com um monte de outras coisas, mas sempre acabo voltando pra cá. Por exemplo: em dezembro eu fiz um monte de postagens, e a última havia sido sobre a saga do acampamento. Então aconteceram algumas coisas que me derrubaram, eu acabei me distraindo com outras coisas e passei quase um mês sem escrever nada.

Mas eis que deu faniquito de novo. Ontem eu terminei o post sobre o show do Kraftwerk, que eu havia começado semana passada, e de madrugada postei uma tradução do Monaco. Hoje eu estava na temakeria aqui perto de casa esperando meus sushis e começou a tocar uma música que eu conheço há milênios, e que fazia milênios que eu não ouvia. Não vou dizer qual é, porque eu pensei “putz, preciso traduzir pra colocar no Litt”, então provavelmente ainda hoje posto ela traduzida aqui.

Então, no Twitter, o Rob Gordon começou a falar de Star Trek, e enquanto eu postava os pedaços de outra música da mesma banda, comecei a falar com ele sobre algumas cenas de um dos filmes. E me veio a epifania: eu lembrei por que eu resolvi criar esse blog em dezembro de 2007…

Eu sou uma pessoa essencialmente tagarela. Ultimamente eu tenho ficado mais quieta, mais na minha, sem acionar os chats nos quais eu tenho conta, mas isso é algo que eu não sei explicar por que acontece. Só acontece, e pronto. Mas a minha cabeça fervilha de ideias, coisas pra escrever, e mesmo que a minha pesquisa de IC esteja empacada – um texto de 40 páginas em alemão requer umas boas garrafas de café pra ser encarado, além de uma paz de espírito que eu ainda não consegui encontrar –, as coisas ficam martelando na minha cabeça e não param até que eu pegue papel e caneta – ou abra o bloco de notas, tanto faz – e coloque pra fora.

Neste exato momento o meu pulso esquerdo está doendo, e daqui a pouco ele olha pra mim e fala “dá pra pegar gelo, por favor?”. Mas agora eu estou oficialmente ignorando meu pulso, depois eu dou um jeito nisso.

Enquanto eu escrevia no Twitter, eu lembrei de uma cena de um dos episódios de Fringe, que na verdade é uma história dentro da história, e é um dos episódios mais fofinhos que eu já vi na vida. Se você não conhece Fringe, pare de ler este texto e vá procurar as cinco temporadas. O último episódio já saiu, estamos todos órfãos, mas vale a pena ver tudo. Fringe é uma das séries de sci-fi mais geniais que já foram criadas, perdendo, talvez, só pra Star Trek. Enfim, eu lembrei da cena, do episódio, da série, e quando eu percebi, ia começar a falar sozinha no Twitter. E ia usar alguns tweets pra dizer o que eu poderia transformar num texto aqui.

Eu não vou lembrar agora o que foi que eu pensei pra escrever lá, porque desde aquele momento singular um milhão de outras coisas já pularam na minha cabeça. Por exemplo: lembrei que antes do blog eu tinha um caderno cheio de anotações à lápis, e lá eu ensaiei uma interpretação pra The Lady Don’t Mind, do Talking Heads, e eu lembrei disso porque abri a pasta do Talking Heads no Media Player. E estou há semanas com um trecho de Visitors, do Fryars, que tem uma participação especial do Dave Gahan, do Depeche, na cabeça: “I’ve got a sickness, I think I need your help tonight”. Acho que é só porque essa é a parte em que dá pra ouvir bem a voz do Dave. E lembrei que tenho que mudar um dos livros do Desafio, porque eu topei com um livro que eu queria ler faz tempo, e do nada ele chegou na minha mão…

Daí é isso, eu fico lembrando de coisas o tempo todo, fico pensando em coisas o tempo todo, e quando eu criei o blog, era a mesma coisa. Tanto é que as postagens daquela época eram menores simplesmente porque eu abria o Blogger e mandava ver em qualquer coisa. E quando me dá os faniquitos de escrever, eu volto pro Litt, porque ele é a minha Simone, e eu sou o Sartre dele…

 

p.s.: A Luciana, minha soulsister, chamou a atenção pro fato de fazer mais sentido eu ser a Simone e o Litt ser o Sartre, afinal eu sou uma menina e ele é um menino. Mas eu sou essencialmente tagarela E retardada, então a associação que eu faço é essa… =P

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