segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Sai a Björk, entra o Kraftwerk, e a Elise continuou feliz!

Eu fiquei sabendo que a Björk se apresentaria no Sónar no dia em que ela cancelou a apresentação. Eu fiquei triste e ao mesmo tempo feliz: gosto da cantora islandesa há muito tempo, era uma pena que ela não fosse mais se apresentar, mas pelo menos ela pouparia suas cordas vocais – recentemente ela nos informou de que passou por uma cirurgia e está tudo bem, agora.

Dois dias depois do sentimento de “pô, não vou”, a assessoria de imprensa do Sónar divulgou qual seria a atração que viria no lugar da Björk. E o sentimento de “pô, não vou” foi substituído por “caralho, eu vou!”. Porque eu já havia perdido o show deles no Just a Fest, e nem se eu estivesse louca eu perderia mais essa oportunidade de ver o Kraftwerk, a banda alemã que deu início ao movimento musical que se tornou um pedaço da minha vida.

Graças a uma ajudinha da minha mãe, consegui comprar o ingresso. Finalmente eu veria uma apresentação ao vivo da banda que fez com que todas as outras bandas que eu amo existissem. E havia um detalhe: era o primeiro show “grande” no qual eu iria. Eu já tinha visto que essa apresentação seria uma espécie de pocket show das apresentações que eles haviam feito no MoMA. Estas foram uma retrospectiva de toda a carreira do Kraftwerk, e o diferencial era que as imagens apresentadas no telão eram em 3D.

Pois bem, no dia do show peguei o voucher que eu havia impresso e saí de casa lá pelas 20h – o show seria às 23h, se não me engano – e fui, feliz e contente, sozinha em direção ao Anhembi. Outro detalhe importante: era o primeiro show grande da minha vida, e eu estava indo sozinha. Isso diz muita coisa, mas não é o foco agora. Quando ia me aproximando, vi que alguma coisa estava meio errada. E quando cheguei no fim da fila, tive certeza de que alguma coisa estava muito errada. Havia mais ou menos 1 km de fila pra entrar num show que começaria dali a menos de 1h. Pra piorar, aquela era a fila de troca do voucher.

DSCN0195Essa era a visão da fila. As luzes à esquerda eram o local do show.
Desespero sim ou com certeza?

Eu sou cara de pau, então a coisa mais fácil que pode acontecer quando eu estou na fila de um evento é começar a conversar com a pessoa atrás de mim. E foi assim que eu puxei papo com a Erika, que estava um pouco mais nervosa do que eu com essa história de fila gigante pra trocar um voucher. Daí passou um tiozinho vendendo cerveja, hehehehe.

DSCN0196Cerveja sempre salva as coisas.
A minha provavelmente já tinha acabado.

Ficamos por mais ou menos meia hora conversando, tentando ter esperança de que a fila ia andar. A velocidade média era de 3 passos a cada 10 minutos, e à medida que o tempo ia passando, o nervosismo ia aumentando. E pra aumentar o nervosismo, estávamos um tanto quanto encurralados na fila, porque a avenida havia servido de pista de kart, se eu não me engano, então havia um guard-rail instalado ali:

DSCN0199Esta foto não está aqui de propósito.
Notem a estrutura do guard-rail, é relevante.

Então estávamos lá esperando que a fila andasse, faltava cerca de 15 minutos pro show começar, quando alguém grita lá da frente: “LIBERARAM A ENTRADA COM O VOUCHER!”. A esperança subiu um pouco, mas ainda havia uma fila quilométrica ali. Daí eu olhei pra fila, olhei pra Erika, olhei pro voucher na minha mão, olhei pro guard-rail, olhei pra fila de novo, olhei de volta pra Erika e disse “eu vou pular esse negócio, você vem comigo?”.

Se vocês olharem atentamente para a foto acima – cliquem nela pra abrir em uma nova janela –, dá pra ver que o espaço entre as grades é meio apertado. E a avenida estava aberta normalmente, então havia carros passando por ali. Mas o show começava em 15 minutos, e eu não estava afim de chegar no final do show. Sim, eu sou louca, e depois de cinco anos escrevendo neste blog, vocês já devem ter percebido isso.

De qualquer modo, eu pulei o guard-rail e ajudei a Erika a passar por ele também. E saímos correndo, quase grudadas na estrutura de metal, porque queríamos chegar no show, mas a preferência era de que chegássemos vivas

…e chegamos, depois de correr um bocado. Passamos pela entrada, entregamos o voucher pra moça que estava ali, pegamos o “kit Sónar” [o mapa e o óculos 3D] e fomos em direção ao lugar certo. Foi fácil achar: todo mundo estava indo pro mesmo lugar. E num passe de mágica – ou de sorte, ou de “sai da minha frente, esse lugar é meu”, chegamos na grade.

DSCN0301Aqui o show já estava na metade, mas eu me mantive ali, firme e forte.

Havia outro DJ tocando, o som era legal, até. Depois de um tempinho, ele terminou o set e liberou o palco. Depois de mais um tempinho, começaram os testes no telão, e uns 10 minutos depois, a banda entrou no palco.

Pra quem não conhece o esquema de show do Kraftwerk, funciona assim: são quatro mesas no palco, e cada integrante controla uma. Eles ficam parados o tempo todo, apenas mexendo nos botões, e o único movimento detectável é a boca do Ralf Hütter se movendo pra cantar.

Parece simples demais? Parece. Mas quando eles começam o show com We are the robots, a gente meio que entra em transe, tanto com o som, quanto com as imagens apresentadas no telão atrás deles. Porque a coisa toda só é simples pra quem espera ver um show de metal. Pra quem gosta de Kraftwerk, aquilo é mais do que suficiente.

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Isso não é um show de metal.
Isso é o espetáculo dos pais da música eletrônica.

A próxima música, Space Lab, trouxe até nós um satélite que girava, girava e mergulhava na plateia. E quem estava lá não sabia se olhava pro telão, se cantava junto com o Ralf ou se simplesmente se entregava ao transe. Sério. Ouvir Kraftwerk em casa é uma coisa; ver a performance ao vivo não é uma coisa, é… transcender.

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Em ordem: Man Machine, Numbers e Computer World.

E aí eles começaram a tocar Autobahn. E Murphy resolveu me trollar. Na verdade eu trollei a mim mesma, porque eu nunca aprendo: cerveja é bom, mas é altamente diurética. Então adivinhem o que aconteceu depois de eu ter tomado um copo de mais ou menos meio litro durante o show.

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Meus ídolos tiram onda de fusca. A placa é D KW 70.

É. Acabei perdendo a próxima música, Tour de France, que é só uma das que eu mais gosto. Mas eu sou brasileira, então depois de solucionada a emergência, eu voltei pra grade, exatamente pra onde eu estava. Chupa, cerveja!

E se eu perdi Tour de France, cheguei bem a tempo de conseguir acompanhar outra das que eu mais gosto: Radioactivity!

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Tschernobyl... Harrisburg... Sellafield... Hiroshima!

Depois disso, como diz o Rob Gordon, do Championship Vinyl, a vontade que deu foi sair de lá, ir na bilheteria e comprar outro ingresso, porque o que eu comprei foi gasto só nessa música. Sério mesmo, o show podia acabar ali que eu já me dava por satisfeita. Mas ainda havia outras músicas que eles não tinham tocado, então só restou respirar fundo, porque a próxima levou a plateia abaixo…

Foto-0025Trans Europe Express.

Sabe quando você se toca de que já viu tudo o que queria, mas ainda tem mais? Foi assim que eu me senti quando notei que eles ainda não haviam tocado Boing Boom Tschak – e naquele dia eu descobri que ela e Music Non Stop eram duas músicas diferentes. Chupa, eu. Mas antes de tocar as duas – e dar o show por encerrado – eles ainda tocaram Aerodinamik. Digam-me como uma coisa dessas é possível, porque até hoje, quase um ano depois, eu ainda não sei explicar.

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Aerodynamik, Boing Boom Tschak e Music Non Stop.
Und das ist das Ende.

Eu devo ter ficado mais uns três minutos ali, olhando pro telão, sem acreditar que eu havia visto o Kraftwerk ao vivo. Quando a ficha caiu, eu lembrei que precisava voltar pra casa. A vontade que deu foi correr pro lado de trás do palco e pedir pro Ralf, no meu alemão enrolado, pra tocar Das Modell só porque não havia tocado. Mas fazer o que…

Daí estou eu saindo do lugar do show, e dou de cara com alguém com a camiseta do Depeche Mode. Não adianta: os devotees brotam onde quer que eu esteja. Como vocês sabem que eu sou retardada, apontei pra camiseta e disse “Depeche!”… O dono da camiseta era o Eduardo, irmão do Alexandre, a quem eu havia conhecido no dia do set do Fletcher. E junto com ele havia uma tropa devotee, e eu aproveitei pra conhecer todo mundo – alguns pessoalmente.

devotees show kraftwerkPorque todo devotee que eu conheço tem bom gosto musical.
Na foto estão o Eduardo, a Eli, a Déa, o Márcio e a Ly.
Alguém me refresca a memória sobre os outros? =P

Depois disso, só me restava mesmo ir pra casa. Era 1h, e eu acabei pegando um táxi de volta pra casa da minha mãe. A mordida no bolso foi alta, mas eu gastaria tudo de novo. Sem um pingo de dó ou piedade. Porque quase um ano depois, eu ainda me lembro nitidamente da sensação que eu tive quando coloquei o óculos e as imagens de We are the robots apareceram na tela. Não é possível descrever, mas foi muito foda.

2013-01-21 21.51.31Essas são as outras duas coisas que me fazem lembrar
que eu estive lá.

E esse ano tem Sónar de novo. Uma das atrações já foi anunciada: Pet Shop Boys. Adivinha quem vou estar nesse show? =D

3 comentários :

  1. Hehehehe eu, lesada, que não lembrava que tinha te conhecido nessa noite! =P A lôka!

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    1. Acontece, hehehehehe... Mas pelo menos a gente se topou no Boteco! :D

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  2. CARALHO!!!! Eu já fico maluco ouvindo no fone, imagina ao vivo :o

    Foda deles é que TODAS as músicas são clássicos.

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